terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O Surgimento da Filosofia - Parte II - A Importância dos Mitos



A Importância dos Mitos: Antes da filosofia surgir, a sociedade grega era muito influenciada pela religião, as classes sacerdotais detinham um imenso poder, pois eram elas que faziam a ligação entre o homem e as divindades.
O homem explicava coisas do mundo natural, a realidade ao seu redor através dos mitos, acreditavam que o universo era gerenciado a partir de um panteão de deuses que decidiam a vida dos mortais, estes deuses eram identificados com as forças da natureza tais como o sol, a lua, o trovão, o mar e etc..
Em nossa sociedade a palavra mito adquiriu um caráter negativo, sendo frequentemente identificado com mentiras, no entanto em filosofia o mito é: Uma explicação da realidade que apela para o sobrenatural, não havendo uma confirmação científica dos fatos por eles apresentados.
 Logo o mito em filosofia não tem o sentido pejorativo, muito pelo contrário pois o mito foi a primeira tentativa feita pelo homem para explicar a realidade em que ele vivia, o seu surgimento, e para onde ele irá após a sua morte, assuntos esses que ocupam a filosofia até hoje. Segue abaixo a forma como as tribos Iorubás africanas explicam o surgimento do mundo, veja que todo o processo se inicia a partir do nada absoluto (um ponto em comum em todas as mitologias) e que a partir da vontade dos deuses tudo foi sendo criado...
   A Criação do Mundo num Encontro de Amor    (lenda Iorubana)

Contam três princesas Iorubás - Ya Calá, Ya Detá, Yá Nassô - que muito antes da Terra surgir, existiam no grande Universo duas grandes dinastias - Ifé (considerada pelos Iorubás "O Berço do Mundo") e Oyó.
Os reis destas dinastias – Odudua em Ifé e Oraniyan em Oyó - foram divinizados por Olorum – o  Senhor Supremo de Orum (o Universo) .
Nas duas cidades, a lenda conta que os dois líderes chegaram da morada de Olorum, trazendo uma substância escura e desconhecida, fornecida pelo Senhor Supremo e a jogaram sobre as águas primitivas formando um pequeno monte de terra sobre o qual pousou uma galinha com penas preto-azuladas e cintilantes, com pintas brancas por todo o corpo que, ao ciscar, espalhava  um monte de terra para Odudua,; originando Ifé e outro monte para Oraniyan; originando Oyó – reinos do céu onde se tornaram governantes absolutos.
E enquanto Odudua e Oraniyan reinavam, Olurum tomou uma importante decisão – a de criar o mundo.  Ordenou, então, a Obatalá, seu filho guerreiro, que rendesse a Bará os tributos devidos e não perdesse tempo e partisse com a missão de criar um mundo onde todos os seres vivessem em perfeito equilíbrio, de acordo com Suas leis.
Olorum entrega a Obatalá o cajado da criação, porém, por causa de sua pressa, parte desprezando o Legbará. Durante o trajeto, parou para beber um pouco de vinho de palmeira e, embriagando-se, adormeceu e perdeu-se do seu destino.
Oduduá, a divina senhora, aproveitando-se da situação, foi ao encontro de Obatalá, que estava num sono profundo, seduziu-o e, apoderando-se de seu mágico cajado, ela começou a transfiguração física da Terra que, no começo, era uma porção de matéria líquida.
Oduduá jogou cinco galinhas d'angola sobre ela e mandou que elas começassem a ciscar para espalhar a terra e formar os continentes.
Mas só existia a terra, Oduduá soltou então pombos brancos e assim nasceu o céu e formou-se o ar.
De um camaleão dourado surgiu o elemento fogo e, com os caracóis, foi formado o grande mar salgado e os rios.
Esses animais foram então associados aos deuses, cada qual com sua simbologia. As galinhas d'angola se tornaram as Iaôs, sacerdotizas dos rituais, os pombos brancos representavam Oxalá, o orixá-rei, o camaleão, os orixás do fogo e dos elementos da terra - Xangô, Iansã e Ogun e os caracóis, os reis do mar e dos peixes Olokum e Iemanjá.
E assim, depois desse encontro de amor de Oduduá e Obatalá, nasce a vida na Terra - a África, a Mãe de todos os seres, o primeiro reino do mundo onde mais tarde as três princesas reinariam com a missão de perpetuarem esta história da Criação.





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