A Importância dos Mitos:
Antes da filosofia surgir, a sociedade grega era muito influenciada pela
religião, as classes sacerdotais detinham um imenso poder, pois eram elas que
faziam a ligação entre o homem e as divindades.
O homem explicava
coisas do mundo natural, a realidade ao seu redor através dos mitos,
acreditavam que o universo era gerenciado a partir de um panteão de deuses que decidiam
a vida dos mortais, estes deuses eram identificados com as forças da natureza
tais como o sol, a lua, o trovão, o mar e etc..
Em nossa sociedade a
palavra mito adquiriu um caráter negativo, sendo frequentemente identificado
com mentiras, no entanto em filosofia o mito é: Uma explicação da realidade que apela para o sobrenatural, não havendo
uma confirmação científica dos fatos por eles apresentados.
Logo o mito em filosofia
não tem o sentido pejorativo, muito pelo contrário pois o mito foi a primeira
tentativa feita pelo homem para explicar a realidade em que ele vivia, o seu
surgimento, e para onde ele irá após a sua morte, assuntos esses que ocupam a
filosofia até hoje. Segue abaixo a forma como as tribos Iorubás africanas
explicam o surgimento do mundo, veja que todo o processo se inicia a partir do
nada absoluto (um ponto em comum em todas as mitologias) e que a partir da
vontade dos deuses tudo foi sendo criado...
A
Criação do Mundo num Encontro de Amor (lenda Iorubana)
Contam três princesas Iorubás - Ya Calá, Ya Detá, Yá
Nassô - que muito antes da Terra surgir, existiam no grande Universo duas
grandes dinastias - Ifé (considerada pelos Iorubás "O Berço do
Mundo") e Oyó.
Os
reis destas dinastias – Odudua em Ifé e Oraniyan em Oyó - foram divinizados por
Olorum – o Senhor Supremo
de Orum (o Universo) .
Nas
duas cidades, a lenda conta que os dois líderes chegaram da morada de Olorum,
trazendo uma substância escura e desconhecida, fornecida pelo Senhor Supremo e
a jogaram sobre as águas primitivas formando um pequeno monte de terra sobre o
qual pousou uma galinha com penas preto-azuladas e cintilantes, com pintas
brancas por todo o corpo que, ao ciscar, espalhava um monte de terra para Odudua,;
originando Ifé e outro monte para Oraniyan; originando Oyó – reinos do céu onde
se tornaram governantes absolutos.
E
enquanto Odudua e Oraniyan reinavam, Olurum tomou uma importante decisão – a de
criar o mundo. Ordenou,
então, a Obatalá, seu filho guerreiro, que rendesse a Bará os tributos devidos
e não perdesse tempo e partisse com a missão de criar um mundo onde todos os
seres vivessem em perfeito equilíbrio, de acordo com Suas leis.
Olorum
entrega a Obatalá o cajado da criação, porém, por causa de sua pressa, parte
desprezando o Legbará. Durante o trajeto, parou para beber um pouco de vinho de
palmeira e, embriagando-se, adormeceu e perdeu-se do seu destino.
Oduduá,
a divina senhora, aproveitando-se da situação, foi ao encontro de Obatalá, que
estava num sono profundo, seduziu-o e, apoderando-se de seu mágico cajado, ela
começou a transfiguração física da Terra que, no começo, era uma porção de
matéria líquida.
Oduduá
jogou cinco galinhas d'angola sobre ela e mandou que elas começassem a ciscar
para espalhar a terra e formar os continentes.
Mas
só existia a terra, Oduduá soltou então pombos brancos e assim nasceu o céu e
formou-se o ar.
De um
camaleão dourado surgiu o elemento fogo e, com os caracóis, foi formado o
grande mar salgado e os rios.
Esses
animais foram então associados aos deuses, cada qual com sua simbologia. As
galinhas d'angola se tornaram as Iaôs, sacerdotizas dos rituais, os pombos brancos
representavam Oxalá, o orixá-rei, o camaleão, os orixás do fogo e dos elementos
da terra - Xangô, Iansã e Ogun e os caracóis, os reis do mar e dos peixes
Olokum e Iemanjá.
E
assim, depois desse encontro de amor de Oduduá e Obatalá, nasce a vida na Terra
- a África, a Mãe de todos os seres, o primeiro reino do mundo onde mais tarde
as três princesas reinariam com a missão de perpetuarem esta história da
Criação.